
Você talvez não concorde comigo, mas compreendo a dúvida desse pai. Ele acreditava em Deus. Confiava a vida e a segurança do filho a Deus. Pedia a proteção de Deus. No entanto, nada disso parecia fazer sentido naquele momento, quando o corpo do filho amado se encontrava inerte na maca de um necrotério.
Ao longo da vida, fomos ensinados que morrer jovem é sinônimo de injustiça de Deus, como se tivéssemos um “direito adquirido” a oitenta, noventa ou, para os mais “sortudos”, cem anos de existência. Aprendemos ainda a aceitar a morte na velhice, embora isso não a torne, de nenhum modo, menos dolorosa ou estranha ao nosso desejo pela eternidade (Eclesiastes 3:11).
Não fomos feitos para morrer. Nem aos 29, nem aos 99. E ponto. O Criador não incluiu, em Seu plano original, um final para o nosso começo. Fomos feitos à semelhança dEle, com potencial para viver para sempre. A morte foi sugestão do inimigo de Deus, acatada pela humanidade rebelde, que acreditou que o conhecimento do mal compensava o risco.
Cristiano Araújo estava no auge de sua carreira, era um dos cantores mais populares do Brasil e realizava, em média, vinte shows por mês. Vivia a concretização de um sonho perseguido desde a infância, de se tornar famoso e de alcançar reconhecimento por seu talento musical. Tinha dinheiro, amigos e fama – tudo interrompido por um inesperado desvio no trajeto da estrada que o levava de volta para casa.
Alguns dirão: “Mas o que importa é que ele viveu intensamente.” Será? Será que vinte e nove anos, dos quais apenas os últimos quatro ou cinco foram de “sucesso”, são tudo? Será que nos diminuímos a tal ponto de achar que poucos anos “bem vividos” valem mais do que a possibilidade de ser eternos? Não estou falando aqui da trasladação ao paraíso dos desenhos animados, em que nos tornamos seres alados, ocupados com harpas o dia todo. Não acredito nesse conto nada atraente. Refiro-me ao Céu prometido em Apocalipse 21, no qual todas as coisas conhecidas deste mundo serão refeitas, e reunidas as pessoas que amamos. Acredito na promessa de que o próprio Deus Se aproximará de cada ser humano, lhe enxugará dos olhos toda lágrima, e terá a chance de explicar o porquê de cada uma delas. Naquele instante, Ele, que tem tolerado pacientemente nossas acusações injustas e nossas dúvidas a respeito de Seu caráter, abrirá as cortinas dos bastidores do grande conflito e revelará o verdadeiro culpado do tormento e da dor que, nestes dias maus, parecem intermináveis.
Cristiano Araújo e sua namorada estavam em um dos carros considerados mais seguros do mundo. A polícia afirma, porém, que eles não usavam o cinto de segurança no momento do acidente, o que poderia, em hipótese, ter salvado a vida deles. E você? Está seguro em seus planos? Tem um emprego estável, uma família equilibrada e a saúde em dia? Vive o auge da vida ideal? Só não pode negar a existência de desvios na estrada e a possibilidade de que, de um minuto para o outro, tudo vire de cabeça para baixo e você se veja sem chão. Onde está a sua segurança? Nos airbags? Nos freios? No cinto? Ou na mentira continuamente repetida aos nossos ouvidos: “Você não morrerá nunca” (Gênesis 3:4)?
Cristiano e Allana, agora, dormem, aguardando o veredito do julgamento encerrado para eles na madrugada do dia 24 de junho de 2015. Pode ser que, para o leitor deste texto (ou para sua autora), a sentença esteja pronta, aguardando apenas a assinatura do Juiz. Qual terá sido a sua escolha? Viver a ilusão da felicidade dos seus cem anos – se chegar até lá – ou optar pela esperança de que estamos apenas no prólogo da história?
Bruna Mateus Rabelo dos Reis, 29 anos, Goiana
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