sexta-feira, novembro 21, 2008

O drama de uma mãe

Gaúcho Rodrigo Oleinski que faz hoje 28 anos sumiu na Bolívia no início do mês

É em uma pequena peça da casa onde costuma fazer orações que a enfermeira Maria Cecília Soares Oleinski, 60 anos, renova diariamente o pedido para que seu filho Rodrigo seja encontrado. Lá, ela também se permite ir às lágrimas por não saber o paradeiro do caçula, que hoje completa 28 anos e foi visto pela última vez no dia 1º de novembro na região do monte Sajama, na Bolívia.


No lugar da festa de aniversário, a família do estudante, que mora no bairro Igara, em Canoas, fará uma vigília. Cartazes e uma faixa serão espalhados pela residência, e um telão vai reproduzir imagens de Rodrigo. Amigos e parentes farão uma corrente de oração entre 20h e 22h, pedindo o retorno do jovem. Estudante de Teologia na Universidade Adventista de Cochabamba, na Bolívia, o gaúcho desapareceu após dizer que pretendia subir o ponte mais alto do país – o Sajama, com 6.542 metros – para orar. Levou consigo comida para uma semana.

– Quando recebi a notícia, fiquei desesperada, porque pensei nele em um país estranho, sozinho, perdido – conta Maria Cecília.

Há 10 dias, o irmão Rubens, 31 anos, viajou para a Bolívia com o objetivo de ajudar nas buscas. Por enquanto, porém, não existem pistas sobre Rodrigo. Apenas sua mochila foi encontrada – sem a máquina fotográfica, a bússola e o binóculo que ele costumava carregar – em uma área do parque onde fica o Sajama.
– Quando encontraram a mochila, achamos que tinham feito alguma maldade com ele – revela a mãe.A principal angústia dos pais é a falta de mobilização das autoridades bolivianas. Segundo Maria Cecília, somente depois que o vice-cônsul brasileiro fez contato, os policiais passaram a ajudar na localização do gaúcho. Jovens da universidade em que Rodrigo estuda também têm auxiliado. Ontem, não houve nenhuma busca – a polícia estava envolvida em outras atividades, e os voluntários também tinham outros compromissos.

– É difícil, porque a gente não pode fazer nada. Meu outro filho foi para lá, mas também está de mãos amarradas – lamenta o pai, o autônomo Rubem Oleinski, 64 anos.

Quando falou com a mãe pela última vez, o estudante gaúcho – que costumava ligar de 15 em 15 dias – garantiu que iria com amigos até o monte, mas ele saiu sozinho e, segundo a universidade, sem permissão. Rodrigo foi para Cochabamba em 22 de fevereiro deste ano – segundo a mãe, optou pela cidade boliviana porque lá a faculdade já teria atividades práticas desde o primeiro ano.

Maria Cecília vai a Brasília para pedir ajuda ao Itamaraty

Nestes nove meses na Bolívia, Rodrigo, descrito como um jovem alegre e espontâneo, cativou amigos, aprendeu espanhol, assumiu uma pequena igreja e já tinha vivido outras aventuras – poucos dias depois de desembarcar no país, caminhou durante seis horas até o topo de uma montanha próxima à universidade. O jovem, conforme a mãe, sempre gostou de desafios.

Em 2003, por exemplo, pediu o carro emprestado aos pais para ir a Caxias, mas acabou indo até São Paulo. Depois de uma confusão ocorrida na viagem, decidiu voltar a freqüentar a Igreja Adventista e ajudou a criar o Clube Desbravador (Comando Celeste) – voltado para jovens entre 10 e 15 anos. Passou a ser “uma pessoa da oração”, como define a mãe.

Agora, a mãe se prepara para viajar a Brasília, no domingo ou na segunda, onde irá procurar o Ministério das Relações Exteriores. Enquanto espera por notícias, se apóia na fé para manter as esperanças de encontrar o filho bem.

– Estou com muita saudade – desabafa Maria Cecília.


Nota: eu tive a oportunidade de conhecer o Rodrigo e, de fato, é um jovem alegre, espontâneo que cativa facilmente as pessoas. Participamos juntos de alguns encontros envolvendo líderes de jovens, onde o Rodrigo atuava com muita disposição, sempre buscando a Deus através da oração. O que aconteceu com o Rodrigo?! Ninguém sabe, como é difícil viver assim, na incerteza.

Bem, neste momento de angústia e sofrimento para toda a família, me resta unir-me aos muitos amigos e familiares de Oleinski que estão elevando preces a Deus. Aliás, que Ele (Deus) esteja no controle de todas as coisas e conforte o coração especialmente da dona Maria e do seu Rubem.