terça-feira, dezembro 29, 2015

Augusto Cury: “Nunca tivemos uma geração tão triste”

Augusto Cury, o famoso psiquiatra que tem livros publicados em mais de 70 países e dá palestras para multidões no Brasil e lá fora, lançou recentemente uma versão para crianças e adolescentes do seu best-seller Ansiedade - Como Enfrentar o Mal do Século. O autor fala sobre os desafios de se criar os filhos hoje e não poupa críticas à maneira como a família e a escola têm educado os pequenos. Confira!

Excesso de estímulos
"Estamos assistindo ao assassinato coletivo da infância das crianças e da juventude dos adolescentes no mundo todo. Nós alteramos o ritmo de construção dos pensamentos por meio do excesso de estímulos, sejam presentes a todo momento, seja acesso ilimitado a smartphones, redes sociais, jogos de videogame ou excesso de TV. Eles estão perdendo as habilidades sócio-emocionais mais importantes: se colocar no lugar do outro, pensar antes de agir, expor e não impor as ideias, aprender a arte de agradecer. É preciso ensiná-los a proteger a emoção para que fiquem livres de transtornos psíquicos. Eles necessitam  gerenciar os pensamentos para prevenir a ansiedade. Ter consciência crítica e desenvolver a concentração. Aprender a não agir pela reação, no esquema 'bateu, levou', e a desenvolver altruísmo e generosidade."
Geração triste
"Nunca tivemos uma geração tão triste, tão depressiva. Precisamos ensinar nossas crianças a fazerem pausas e contemplar o belo. Essa geração precisa de muito para sentir prazer: viciamos nossos filhos e alunos a receber muitos estímulos para sentir migalhas de prazer. O resultado: são intolerantes e superficiais. O índice de suicídio tem aumentado. A família precisa se lembrar de que o consumo não faz ninguém feliz. Suplico aos pais: os adolescentes precisam ser estimulados a se aventurar, a ter contato com a natureza, se encantar com astronomia, com os estímulos lentos, estáveis e profundos da natureza que não são rápidos como as redes sociais."
Dor compartilhada
"É fundamental que as crianças aprendam a elaborar as experiências. Por exemplo, diante de uma perda ou dificuldade, é necessário que tenham uma assimilação profunda do que houve e aprender com aquilo. Como ajudá-las nesse processo? Os pais precisam falar de suas lágrimas, suas dificuldades, seus fracassos. Em vez disso, pai e mãe deixam os filhos no tablet, no smartphone, e os colocam em escolas de tempo integral. Pais que só dão produtos para os seus filhos, mas são incapazes de transmitir sua história, transformam seres humanos em consumidores. É preciso sentar e conversar: 'Filho, eu também fracassei, também passei por dores, também fui rejeitado. Houve momentos em que chorei'. Quando os pais cruzam seu mundo com os dos filhos, formam-se arquivos saudáveis poderosos em sua mente, que eu chamo de janelas light: memórias capazes de levar crianças e adolescentes a trabalhar dores perdas e frustrações."

Intimidade
"Pais que não cruzam seu mundo com o dos filhos e só atuam como manuais de regras estão aptos a lidar com máquinas. É preciso criar uma intimidade real com os pequenos, uma empatia verdadeira. A família não pode só criticar comportamentos, apontar falhas. A emoção deve ser transmitida na relação. Os pais devem ser os melhores brinquedos dos seus filhos. A nutrição emocional é importante mesmo que não se tenha tempo, o tempo precisa ser qualitativo. Quinze minutos na semana podem valer por um ano. Pais têm que ser mestres da vida dos filhos. As escolas também precisam mudar. São muito cartesianas, ensinam raciocínio e pensamento lógico, mas se esquecem das habilidades sócio-emocionais."

Mais brincadeira, menos informação
"Criança tem que ter infância. Precisa brincar, e não ficar com uma agenda pré-estabelecida o tempo todo, com aulas variadas. É importante que criem brincadeiras, desenvolvendo a criatividade. Hoje, uma criança de sete anos tem mais informação do que um imperador romano. São informações desacompanhadas de conhecimento. Os pais podem e devem impor limites ao tempo que os filhos passam em frente às telas. Sugiro duas horas por dia. Se você não colocar limite, eles vão desenvolver uma emoção viciante, precisando de cada vez mais para sentir cada vez menos: vão deixar de refletir, se interiorizar, brincar e contemplar o belo."
Parabéns!
"Em vez de apontar falhas, os pais devem promover os acertos. Todos os dias, filhos e alunos têm pequenos acertos e atitudes inteligentes. Pais que só criticam e educadores que só constrangem provocam timidez, insegurança, dificuldade em empreender. Os educadores precisam ser carismáticos, promover os seus educandos. Assim, o filho e o aluno vão ter o prazer de receber o elogio. Isso não tem ocorrido. O ser humano tem apontado comportamentos errados e não promovido características saudáveis."
Conselho final para os pais
"Vejo pais que reclamam de tudo e de todos, não sabem ouvir não, não sabem trabalhar as perdas. São adultos, mas com idade emocional não desenvolvida. Para atuar como verdadeiros mestres, pai e mãe precisam estar equilibrados emocionalmente. Devem desligar o celular no fim de semana e ser pais. Muitos são viciados em smartphones, não conseguem se desconectar. Como vão ensinar os seus filhos e fazer pausas e contemplar a vida? Se os adultos têm o que eu chamo de síndrome do pensamento acelerado, que é viver sem conseguir aquietar e mente, como vão ajudar seus filhos a diminuírem a ansiedade?"

Escrito por Liliane Prata

sexta-feira, dezembro 25, 2015

"Seu Reino Não Terá Fim"

Em Belém, o ser humano que melhor entendeu quem Deus era e o que ele estava fazendo, foi uma moça adolescente num estábulo fedorento. Enquanto Maria olhava na face do bebê, ela viu seu filho, seu Senhor e Sua majestade. Ela não conseguia tirar seus olhos dele! De alguma forma Maria sabia que estava segurando Deus. Então é Ele, ela pensou. Ela lembrou das palavras do anjo: “Seu reino jamais terá fim.”


Ele parece qualquer coisa menos um rei. Seu choro, embora forte e saudável, ainda era o choro penetrante, porém indefeso de um bebê. Majestade no meio do comum. Santidade na sujeira de estrume de ovelhas e suor. Divindade entrando no mundo no chão de um estábulo, pelo ventre de uma adolescente e na presença de um carpinteiro. Deus chegou perto! E Lucas 1:33 diz “Seu reino nunca terá fim!” - Max Lucado

Desejo a você um Natal muito especial com a plena presença de Jesus, o verdadeiro "Deus conosco"!

quinta-feira, dezembro 24, 2015

"Sem Lugar"

Algumas das palavras mais tristes na terra são: “Não temos lugar para você.” Jesus conheceu o som daquelas palavras. Ele ainda estava no ventre de Maria quando o hospedeiro disse “Não temos lugar para você.” E quando ele foi pendurado na cruz, a mensagem não foi da total rejeição? “Não temos lugar para você neste mundo.”


Até hoje Jesus recebe o mesmo tratamento. Ele vai de coração em coração, perguntando se pode entrar. De vez em quando ele é aceito. Alguém abre a porta do seu coração e o convida a ficar. E para esta pessoa Jesus dá esta grande promessa, “Na casa do meu Pai há muitas moradas.” Que promessa deleitosa ele faz para nós! Nós damos espaço para ele em nossos corações… e ele dá lugar para nós em sua casa!

Max Lucado

Feliz Natal pra você e sua família. Que Cristo habite o seu lar a cada dia de 2016!

segunda-feira, agosto 17, 2015

Todos nós merecemos um impeachment

A palavra inglesa impeachment voltou à moda. A primeira vez em que a ouvi tantas vezes nos noticiários e na boca do povo foi em 1992, quando da cassação do cargo do então presidente Fernando Collor de Mello. Impeachment é impedimento ou impugnação de mandato do chefe do poder Executivo. Não é privilégio do Brasil. Aliás, a palavra foi usada pela primeira vez no Reino Unido, contra William Latimer. Nos Estados Unidos, Andrew Johnson foi o primeiro a ser “impitimado”, sendo destituído do cargo em 1868. Em 1974, Richard Nixon renunciou à Presidência para não ser deposto. E em 1999, Bill Clinton, por causa de suas estripulias sexuais e outros problemas, quase sofreu processo de impeachment, mas escapou.

Agora a sombra dessa maldição que de vez em quando desce sobre os supremos mandatários das nações paira sobre a cabeça da nossa primeira presidente mulher. Dilma Rousseff vive dias difíceis no começo de seu segundo mandato. Milhões de pessoas foram às ruas neste domingo para protestar contra ela, contra seu antecessor, Luís Inácio Lula da Silva, e contra a corrupção. Entre esses milhões, muitos querem o impeachment dela e a prisão dele. Outros tantos consideram oimpeachment uma medida muito traumática e que poderia aumentar a instabilidade econômica no país e agravar ainda mais a crise política. Todos desejam mudança, mas parecem não saber muito bem por onde ela deve começar nem com quem.

Quando se investiga a história da humanidade, uma coisa fica evidente: a corrupção sempre existiu – embora aqui em solo tupiniquim muita gente tenha se tornado especialista no assunto. Regimes vêm e vão; socialistas cedem a vez aos capitalistas e vice-versa; monarquias; repúblicas; parlamentarismos; presidencialismos... Tentativas de melhor gerir os negócios das nações. Embora haja sempre algumas pessoas honestas e bem-intencionadas no meio de tantos oportunistas e “fominhas” de poder, não dá para negar que as injustiças continuam aí – a desigualdade social; a miséria, com tantos ganhando tão pouco e uma minoria se refestelando com muito; a falta de verdadeiro amor pelos que sofrem.

A solução definitiva não virá de um impeachment, assim como uma revolução social nunca será garantia de igualdade, justiça e fraternidade. Sabe por quê? Porque o problema não está nos regimes políticos. Eles são parte de um problema mais profundo. O problema não é social; é individual. Não há revolução que resolva uma desgraça que está no coração, no DNA humano. Quem precisa de reforma, de uma recriação somos nós. É o nosso coração que precisa de um “impeachment”. Precisa ser deposto para que uma vontade superior, pura e justa assuma o controle. Do contrário, reis virão; presidentes se sucederão; manifestações, por mais justificáveis que sejam, encherão as ruas de pessoas que depois voltarão para casa para assistir às mesmas notícias na TV. E quase nada mudará.

Nós precisamos de um “impeachment” para que outro governo assuma logo o poder.

Por Michelson Borges
www.criacionismo.com.br 

quinta-feira, junho 25, 2015

Um cantor, um carro e um final infeliz

Na última quarta-feira, dia 24 de junho, o Brasil amanheceu com a notícia de que um jovem artista, Cristiano Araújo, e sua namorada, Allana Moraes, haviam morrido durante a madrugada em um grave acidente automobilístico. O veículo, ocupado pelo casal e por um dos empresários do cantor, era conduzido por um segurança do grupo, que retornava de um showrealizado na cidade de Itumbiara, localizada há cerca de 200 km de Goiânia, e, por causas ainda não esclarecidas, saiu da pista e capotou no canteiro da rodovia, ficando completamente destruído. Após a divulgação da tragédia, as redes sociais foram inundadas com manifestações de solidariedade às famílias das vítimas e pela comoção dos fãs que, naquele dia, haviam perdido seu “ídolo”. Uma entrevista, porém, chamou minha atenção. Horas depois da confirmação das mortes, o pai do cantor falou com a imprensa e, bastante abalado com o ocorrido, declarou que sentia uma tristeza muito grande. Disse que, todos os dias, fazia uma oração, pedindo a Deus que acompanhasse o filho nas viagens: “Entro no carro ou no avião e faço uma oração. Eu não estava com ele ontem? Será que Deus existe?”

Você talvez não concorde comigo, mas compreendo a dúvida desse pai. Ele acreditava em Deus. Confiava a vida e a segurança do filho a Deus. Pedia a proteção de Deus. No entanto, nada disso parecia fazer sentido naquele momento, quando o corpo do filho amado se encontrava inerte na maca de um necrotério.

Ao longo da vida, fomos ensinados que morrer jovem é sinônimo de injustiça de Deus, como se tivéssemos um “direito adquirido” a oitenta, noventa ou, para os mais “sortudos”, cem anos de existência. Aprendemos ainda a aceitar a morte na velhice, embora isso não a torne, de nenhum modo, menos dolorosa ou estranha ao nosso desejo pela eternidade (Eclesiastes 3:11).

Não fomos feitos para morrer. Nem aos 29, nem aos 99. E ponto. O Criador não incluiu, em Seu plano original, um final para o nosso começo. Fomos feitos à semelhança dEle, com potencial para viver para sempre. A morte foi sugestão do inimigo de Deus, acatada pela humanidade rebelde, que acreditou que o conhecimento do mal compensava o risco.

Cristiano Araújo estava no auge de sua carreira, era um dos cantores mais populares do Brasil e realizava, em média, vinte shows por mês. Vivia a concretização de um sonho perseguido desde a infância, de se tornar famoso e de alcançar reconhecimento por seu talento musical. Tinha dinheiro, amigos e fama – tudo interrompido por um inesperado desvio no trajeto da estrada que o levava de volta para casa.

Alguns dirão: “Mas o que importa é que ele viveu intensamente.” Será? Será que vinte e nove anos, dos quais apenas os últimos quatro ou cinco foram de “sucesso”, são tudo? Será que nos diminuímos a tal ponto de achar que poucos anos “bem vividos” valem mais do que a possibilidade de ser eternos? Não estou falando aqui da trasladação ao paraíso dos desenhos animados, em que nos tornamos seres alados, ocupados com harpas o dia todo. Não acredito nesse conto nada atraente. Refiro-me ao Céu prometido em Apocalipse 21, no qual todas as coisas conhecidas deste mundo serão refeitas, e reunidas as pessoas que amamos. Acredito na promessa de que o próprio Deus Se aproximará de cada ser humano, lhe enxugará dos olhos toda lágrima, e terá a chance de explicar o porquê de cada uma delas. Naquele instante, Ele, que tem tolerado pacientemente nossas acusações injustas e nossas dúvidas a respeito de Seu caráter, abrirá as cortinas dos bastidores do grande conflito e revelará o verdadeiro culpado do tormento e da dor que, nestes dias maus, parecem intermináveis.

Cristiano Araújo e sua namorada estavam em um dos carros considerados mais seguros do mundo. A polícia afirma, porém, que eles não usavam o cinto de segurança no momento do acidente, o que poderia, em hipótese, ter salvado a vida deles. E você? Está seguro em seus planos? Tem um emprego estável, uma família equilibrada e a saúde em dia? Vive o auge da vida ideal? Só não pode negar a existência de desvios na estrada e a possibilidade de que, de um minuto para o outro, tudo vire de cabeça para baixo e você se veja sem chão. Onde está a sua segurança? Nos airbags? Nos freios? No cinto? Ou na mentira continuamente repetida aos nossos ouvidos: “Você não morrerá nunca” (Gênesis 3:4)?

Cristiano e Allana, agora, dormem, aguardando o veredito do julgamento encerrado para eles na madrugada do dia 24 de junho de 2015. Pode ser que, para o leitor deste texto (ou para sua autora), a sentença esteja pronta, aguardando apenas a assinatura do Juiz. Qual terá sido a sua escolha? Viver a ilusão da felicidade dos seus cem anos – se chegar até lá – ou optar pela esperança de que estamos apenas no prólogo da história?

Bruna Mateus Rabelo dos Reis, 29 anos, Goiana

quarta-feira, junho 24, 2015

Para professor da UFRGS, criacionismo é crença infantil

Em entrevista concedida à RBS TV, o professor de pós-graduação Fernando Becker, da UFRGS, comentou a proposta da deputada Liziane Bayer de que se ensine criacionismo em escolas públicas (confira). Várias vezes deixei claro aqui que muitos criacionistas, incluindo os associados da Sociedade Criacionista Brasileira, entre os quais me incluo, discordam de propostas dessa natureza (confira). Mas a argumentação de Becker é por demais rasa e até injusta. Melhor seria terem convidado um criacionista esclarecido para explicar por que o criacionismo não deve ser ensinado em escolas públicas, e não apenas um professor cujas opiniões revelam desconhecimento das discussões sobre o tema. Mais um exemplo de mau jornalismo... Assista aqui e aqui aos vídeos. A seguir, quero pontuar algumas frases do professor.

Becker começa com o lugar comum de que criacionismo é religião e deve ser relegado ao seu “gueto”, digo, à igreja. Ainda que seja um fenômeno cultural, para Becker ele não deve sequer ser ensinado nas escolas. Ele diz que a “função da escola é trazer o conhecimento científico para a população”. Ok, mas instantes depois defende o ensino de uma teoria segundo a qual a vida teria surgido da não vida, há bilhões de anos, e se tornado mais e mais complexa ao longo do tempo. Becker omite o fato de que essa ideia pertence ao campo da filosofia (naturalismo filosófico), e não à ciência propriamente dita. O macroevolucionismo naturalista não pode ser submetido à investigação científica e, portanto, seguindo o argumento do professor, também não deveria ser ensinado em aulas de ciências.

Becker diz que falta tempo para ensinar tantos conteúdos e que, portanto, não haveria espaço para o criacionismo. Essa é boa! Becker é educador e deveria saber que a melhor forma de se aprender a pensar (e não apenas memorizar conteúdos) é analisando o contraditório. Em lugar de empurrar a teoria da evolução – com todas as suas insuficiências epistêmicas – goela abaixo dos alunos, por que não promover um ensino crítico da evolução? Aliás, por que não promover o ensino crítico da própria ciência, como estabelece a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em lugar de endeusá-la?

Apoiando o argumento de Becker, a entrevistadora diz que a ciência trabalha com evidências e o criacionismo, com fé. E reforça o lugar comum de que o assunto se trata da polarização entre ciência e religião. Isso é falso! Teoria da evolução não é sinônimo de ciência, tanto quanto criacionismo não é sinônimo de religião. A teoria da evolução conta com evidências científicas (pelo menos no que se refere à chamada “microevolução”), mas mistura um bocado de filosofia naturalista em seu modelo. O criacionismo tem também sua base teológico/filosófica, mas afirmar que o modelo não conta com evidências é desprezar as descobertas da biologia molecular e da bioquímica (que apontam para umdesign inteligente e para a complexidade irredutível) e da geologia catastrofista (que mostra evidências de um dilúvio e de uma coluna geológica não necessariamente tão antiga), por exemplo. Há muitos cientistas sérios discutindo essas evidências. Por que certos setores da mídia e certos professores insistem em ignorar isso? Deixando de lado o componente filosófico dos dois modelos (criacionista e evolucionista), é perfeitamente possível discutir/analisar as evidências apresentadas por ambos os lados. Dizer que a questão se resume a ciência versus religião é evitar o debate e blindar o evolucionismo.

O pior mesmo é Becker dizer que “a religião trabalha com o emocional e com a crença, a ciência trabalha com a razão e a evidência”. Que absurdo! Primeiro, porque cientistas não são máquinas. Eles possuem pressupostos, preconceitos, subjetividades, opiniões, cosmovisões, e isso tudo certamente interfere na forma como veem as coisas. Seria bom Becker estudar um pouco Thomas Kuhn. Segundo, porque teólogos estudam, sim, evidências e usam e muito a razão e ferramentas científicas. Dediquei cinco anos a um mestrado em que estudei hermenêutica, ciência e religião, sociologia, arqueologia bíblica, antropologia e outras disciplinas. Mestrado em quê? Teologia. Becker deve estar pensando em certas religiões emocionalistas que não dão valor ao estudo acadêmico, e mais uma vez cai no lugar comum.

O professor cita o encantamento de Einstein com o fato de o Universo ser inteligível e, sem querer, dá um tiro no pé, colocando em cheque sua defesa do naturalismo. Essa é uma grande questão. Como explicar o fato de que nosso cérebro, nosso intelecto consegue entender o Universo, a realidade que nos cerca? Se somos apenas um ajuntamento fortuito de moléculas, por que devo aceitar as conclusões desse cérebro simiesco a respeito? Por que devo crer que a massa cinzenta de átomos e moléculas que compõem o cérebro de Becker está fazendo uma análise correta do assunto sobre o qual está discorrendo?

Para o docente, não há como conciliar ciência e religião. Mas ele deveria dizer isso para Galileu, Copérnico, Kepler, Newton, Pascal, Pasteur, Collins e tantos outros. O que ele deveria ter dito é: não se pode conciliar o naturalismo filosófico ateísta com a cosmovisão bíblico-criacionista. Aí estaria coberto de razão.

Mais uma pérola beckeriana: “A biologia fala que a vida apareceu neste planeta há três e meio bilhões de anos.” Não, a biologia não diz nada sobre isso. Os biólogos se ocupam da vida e só podem estudar a vida que eles têm ao alcance dos olhos, das mãos, do microscópio. Quem afirma que a vida “apareceu” (abracadabra!) neste planeta são os evolucionistas e sua teoria. Novamente Becker confunde um modelo hipotético com uma área da ciência empírica.

E o professor universitário termina “apoteoticamente” sua entrevista com uma frase de efeito, afirmando que os que os que defendem o criacionismo são “adultos professando crenças infantis”.

Essa entrevista quase desastrosa e totalmente parcial ajudou a firmar minha convicção de que o criacionismo não deve mesmo ser ensinado em escolas públicas. E um dos motivos que me convencem disso é o risco de que ele seja ensinado por professores como Becker.

Michelson Borges

terça-feira, junho 09, 2015

Deboche, blasfêmia ou pedido de socorro?

A 19ª Parada Gay de São Paulo, realizada no último domingo, levou, como de costume, milhares de pessoas para a Avenida Paulista. Lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais de todo o país se reuniram para pedir “respeito pela diversidade”. Durante a coletiva de imprensa que abriu o evento, o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e o governador do estado, Geraldo Alckmin, também foram cobrados pelos manifestantes sobre a atuação do poder público em relação aos direitos LGBT. Além das roupas chamativas (e da falta de roupas de sempre), uma situação chamou a atenção, pois as fotos ganharam as redes sociais: uma ativista gay foi “pregada” a uma cruz, imitando a crucificação de Jesus, e acima dela foi colocada uma placa com a frase “Basta de homofobia”. Em seu Facebook, o deputado evangélico Marco Feliciano se manifestou: “Isto pode? Esta blasfêmia pode? Profanar nossa fé pode? Debochar de símbolos sagrados publicamente pode?” E destacou que no cartaz logo abaixo da cruz estavam relacionadas as entidades que apoiaram o evento: Petrobras, Prefeitura de São Paulo, Governo Federal, Caixa Econômica Federal.

Um blogueiro anglicano analisou a questão sob outra ótica: “Particularmente, não me senti nem um pouco ofendido ao ver uma ativista gay pregada numa cruz. Afinal, Jesus não morreu somente por héteros. Na cruz, Ele Se identificou com os excluídos, os oprimidos, os marginalizados, e ao fazê-lo, assumiu em Si todos os nossos pecados e mazelas, sejam de que natureza forem, inclusive sexual. Não há dilema humano que não caiba na cruz. [...] O que vi representado naquela cena foi o sofrimento de um segmento que tem sido vítima de nosso preconceito, nojo e ódio. O que deveria nos incomodar não é a cena em si, mas aquilo que ela pretende denunciar. [...] O que para alguns pareceu um insulto, para mim soou como um pedido de socorro.”

Desta vez, pode ser. Mas houve ocasiões em que, durante uma parada gayna Jornada Mundial da Juventude (católica) e no Rio de Janeiro, figuras e símbolos religiosos católicos foram realmente vilipendiados. Aí a história é outra... Respeito se conquista com respeito.

Mas o fato de a ativista usar uma cruz para reivindicar respeito talvez não chegue a caracterizar desrespeito. Quando era jovem e católico, eu mesmo participei de uma encenação em que fui crucificado (confira). E embora essa não seja, evidentemente, a melhor maneira de defender uma ideia (hoje, naturalmente, penso de modo diferente), meu sentimento naquela ocasião não foi o de um blasfemador, muito pelo contrário. Eu já amava Jesus e valorizava o que Ele fez por mim. Quem pode julgar o que se passava no coração daquela crucificada na Paulista?

De qualquer forma, ainda que fosse uma ofensa calculada para atingir os cristãos (e não estou dizendo que desta vez foi), nosso Mestre nos orientou a orar pelos que nos perseguem (Mt 5:44). Não foi? 

domingo, maio 10, 2015

Lembranças...

Não recordo de muitas coisas de quando era bem pequeno, mas dentre aquilo que lembro, em muitas situações vejo minha mãe em ação. Às vezes em casa, fazendo um gostoso pão caseiro, bolo, rapadura, tanto para comermos como para vendermos. Ah, tem também os anos de trabalho na sorveteria. Outras vezes, aquela mulher guerreira, minha mãe, estava trabalhando fora de casa, plantando melancia, aipim, saladas diversas para comermos fresquinhas... Quantas horas gastas nestas e tantas outras atividades! Noutro momento a vejo vendendo cosméticos, liderando equipes de venda em várias cidades, comercializado produtos importados. Recordo de vê-la fazendo diferentes e importantes negócios, como o período dedicados a venda de sabidos alimentos, seja no restaurante ou ambulante, com a Towner; sempre pensando no bem estar da família. 

Mas o que falar das vezes que ela esteve a frente da obra de Deus, como ainda está; seja no período que se dedicou a venda de livros de saúde e esperança (colportagem), ocasião em que viveu grandes experiências e, ao transmitir a mim e meus irmãos, ensinou-nos grandes lições de fé e perseverança ao lado de Jesus. Das vezes que pregou na igreja, que liderou diferentes departamentos (Min. Pessoal, ADRA, etc), através dos quais, demonstrou amor sem igual para atender o próximo. Atualmente tornou-se profissional "Cuidadora de Idosos", uma área em que sempre atuou, mesmo não sendo paga para isso. Que exemplo! 

Seguir o exemplo de uma mulher batalhadora, incansável na arte de fazer o bem e, humildemente, dar significado à vida de outros, me motiva. Se hoje estou num posto de grande responsabilidade, devo tudo a ela; sei que muito mais preciso fazer, e me esforço para tanto. 

Mãe, palavras são insuficientes para descrever minha mais profunda gratidão por tudo que já fez e faz por mim. A senhora é sinônimo de proteção, de ternura, carinho e atenção, és o amor da minha vida. Fiz um exercício de memória e, com certeza, não lembrei sequer um terço daquilo que fizeste por mim, do tanto que me ensinou e ainda me ensina. Quero de coração agradecer por tudo que a senhora representa em minha vida; louvo a Deus pelo presente que me deu: VOCÊ! 

Tenha um feliz e abençoado dia, hoje e sempre, pois o seu dia, querida mãezinha, é todos os dias. Feliz Dia das Mães!